Uma conjuntura de fatores felizes cerca o segundo livro de poesias de Isabel Mueller. O primeiro desses elementos já está no título, de uma sutileza, de uma pertinência e de uma intuição inegáveis: Alumbramento.  Fica evidente que Isabel sintoniza com uma vertente muito pura da poesia: aquela que fala direto à alma e ao coração. Alumbramento bem pode constituir um desses conceitos-chave na poesia, algo como a “epifania”, súbita iluminação, revelação, claridade. Alumbramento estabelece um diálogo com o livro de estréia, Céu da Boca. A poesia de Isabel é de síntese, de extrema contenção. São poemas curtos, marcados por musicalidade, ritmo e leveza peculiares. A inspiração de Isabel é um mergulho no plano onde sentimentos, sonhos, sensações e devaneios se intercruzam.Ela consegue traduzir esses vislumbres em versos certeiros, imagens carregadas dessa significação sempre tão difícil de encontrar num poema. Graças à condição de poeta e de astróloga, Isabel Mueller sugere uma sublime associação – um maravilhoso trânsito – entre dois mundos (dois planos), espécie de síntese da potencialidade humana de enxergar além de seus horizontes. Seja por meio dos astros, ou da poesia, o que Isabel faz é “ler” o mundo interior, sua memória e história. Que bom que Isabel, em sua poesia, aceita compartilhar com o leitor esse universo que a constitui. Graças a esse gesto, seu alumbramento também é nosso. (Por Romar Beling)